
Saio vagando em becos escuros na espreita de um desavisado qualquer.
Noite fria, nenhuma alma viva anda sozinho por aí sabendo dos ataques
noturnos.
Busco então o movimento das boates .. aqueles inferninhos decadentes,
clássico em cidade grande.
Entro passando despercebida pelo segurança e avanço pelo salão lotado
de corpos desnudos e quentes com o balanço melôdico do ambiente.
Minha visão procura na multidão... encontro aquele que será com certeza
o saciar de minha fome animal.
Com desenvoltura e leveza, logo já estou diante dele... que me olha com
interesse, pois na verdade, minha silueta chama atenção daqueles que
desejam a luxuria como acompanhante na noite.
Dançamos... flertamos como meros mortais. Ledo engano... mal sabe ele,
que fim trágico o aguarda.
Dalí combinamos algo particular... lugar calmo, vinho e velas iluminando
o quarto de hotel. Carícias... a fome de novo... apesar de querer profundamente
me deliciar naquele corpo nu e quente... apesar de querer matar desejos carnais,
a maldita fome grita em mim. Devoro-te mortal?! Ou sacia-me o desejo?
Lambida em seu pescoço desnudo... o cheiro é delicioso, sinto uma dor imensa,
tento me conter mas não existe chançe... meus caninos se pronunciam antes mesmo
que eu posso pensar... os lábios se encontram e sinto o calor... beijo-te suavemente..
como quem se despede de alguém. O abraço apertado, corpo colado e minha boca
em seu pescoço esguiu, suavemente cravo-lhe minhas presas, ele não tem tempo
de sequer emitir um único som... pois o corpo enerte já se encontra ao solo.
A vitae corre em minhas veias... sinto sua juventude e força agora em mim.
Na saída... olho o corpo sem vida e lembro-me... que nem ao menos sabia o nome
do jovem que serviu de minha refeição esta noite. Bato a porta e vou na noite.
Beijos sangrentos da vampira Laysha.